Eu confio muito em inteligências artificiais, mas não confio nos desenvolvedores que criaram essas inteligências artificiais da mesma forma que confio em humanos, porém, não confio no ambiente e nas pessoas que participaram da criam humanos.
Acredito que um dos maiores problemas que enfrentamos ao tomarmos as decisões erradas que tomamos como sociedade, empresa ou qualquer outra organização coletiva (perdoem o pleonasmo) são derivados de diversos vieses que ocasionam esses erros.
Viés de confirmação, viés atencional, viés de crença, viés de ponto cego, viés de sobrevivência, viés de autoridade, uma série de falácias incontáveis, entre tantos outros, fazem com que uma tomada de decisão seja sempre caótica, mesmo que às vezes dê certo e caímos no viés de retrospectiva ou no viés de resultado.
A criação de uma inteligência artificial gera a possibilidade de alcançarmos uma inteligência que consiga ignorar esses vieses ao analisar os dados, informações e conhecimentos disponíveis a ela. Porém, ela será programada por pessoas que têm todos esses vieses e os incutirão nela, mesmo sem perceber.
Se levarmos em consideração os vieses sócio-históricos (racismo, machismo, homofobia, transfobia, entre outros) que afetam amplamente os dados que devem ser analisados por essa IA, isso ainda entregará resultados ainda mais insatisfatórios.
Mas acredito que existem formas de reduzir esses vieses apostando no coletivo, com IAs sendo desenvolvidas por equipes multidisciplinares (com diversos conhecimentos em diversas áreas do saber) e diversas (com diversas realidades).
Logicamente, a construção desse tipo de coletivo beneficia as mais diversas áreas de atuação humana, porém essas áreas ainda apresentarão fraquezas derivadas de vieses impossíveis de serem ultrapassados, simplesmente por sermos humanos.
Digo isso apenas para afirmar que imaginar a criação de inteligências artificiais que consigam analisar o mundo sem preconceitos e pré-concepções é mais possível do que imaginarmos um coletivo humano fazendo o mesmo.
Porém, a ciência não é fria e seu desenvolvimento depende do mundo em que vivemos. Isso talvez seja um paradoxo, pois acredito que, nas estruturas sociais em que vivemos, esse tipo de desenvolvimento tecnológico é impossível e, se conseguirmos modificar essas estruturas sociais, esse desenvolvimento pode se tornar irrelevante.
Mas é apenas mais um dos paradoxos entre tantos.
Porém, é divertido pirar um pouco às vezes. Assim como sonhar, né?
Talvez concluamos que, para desenvolver uma tecnologia que ultrapasse esses problemas humanos, é necessário modificar toda forma de funcionamento da humanidade. Mas talvez o Asimov me desse um tapa na cara ao ler isso.
Ahhh… chega de divagação… Vamos voltar aos algoritmos. 🤣